UM NOVO COMEÇO PARA A AMAZÔNIA NOS DIÁLOGOS EUA-BRASIL

O enviado climático dos EUA, John Kerry, reuniu-se na semana passada com uma delegação de ministros brasileiros para discutir a colaboração para a solução de um dos nossos desafios climáticos mais importantes: a proteção da Amazônia. Em um tweet logo após a reunião, Kerry observou que quando se trata da crise climática, “grandes impactos só podem ser alcançados por meio de parcerias globais”.

 

Essa é uma mensagem de boas-vindas do governo Biden e um sinal de que, após um longo período de polarização sobre a conservação da Amazônia, o espaço de diálogo e cooperação está ressurgindo.

Descrevendo a reunião como longa e “produtiva”, os dois lados dizem que continuarão a se reunir regularmente antes do planejado “Fórum do Dia da Terra” em 22 de abril. O presidente Biden expressou seu interesse em ter o presidente brasileiro Jair Bolsonaro presente no evento, o qual está sendo realizado em preparação para a conferência anual do clima em Glasgow, Escócia, em novembro.

De acordo com um dos maiores jornais brasileiros, o Estado de São Paulo, durante a discussão de 16 de fevereiro, realizada virtualmente, as partes expressaram seu compromisso compartilhado de encontrar “soluções sustentáveis ​​e duradouras para os desafios climáticos comuns”.

Entre 2005-2012, a Amazônia brasileira se tornou um farol de esperança para o mundo na medida em que ficou demonstrado que, por meio de parcerias e colaborações, poderíamos trabalhar coletivamente para proteger nossos recursos naturais mais preciosos e avançar na desaceleração das mudanças climáticas. Graças ao diálogo robusto que ocorreu durante esse período entre governos, agricultores, comunidades da floresta e organizações ambientais, o desmatamento no Brasil caiu 77%.

Tragicamente, a perda de áreas de floresta aumentou vertiginosamente, com 2020 marcando a maior taxa de desmatamento vista nesta década. Embora os números permaneçam bem abaixo da média histórica do Brasil, a tendência é profundamente preocupante e fez soar o alarme internacional sobre o destino da maior floresta tropical do mundo. Esse aumento ocorreu apesar de novas intervenções importantes para desacelerar a perda de florestas e, talvez sem surpresa, coincidiu com uma quebra de confiança entre grupos de defesa ambiental e o setor agrícola do Brasil, um pilar fundamental no progresso da agenda florestal no Brasil.

A atual retomada do diálogo – parte da agenda climática mais ampla de Biden – aponta para um potencial descongelamento da polarização que impediu o progresso e sugere um retorno bem-vindo à abordagem colaborativa que teve um grande sucesso nos anos anteriores. É uma abordagem que nós do EII continuamos a apoiar com o conhecimento claro de que para desacelerar a perda de florestas no Brasil é essencial o envolvimento e a cooperação das pessoas mais próximas da floresta – os agricultores, as comunidades indígenas e locais, e os governos regionais responsáveis por implementar medidas na ponta.

O EII atualmente está apoiando os governos de quatro estados da Amazônia no Brasil – Acre, Mato Grosso, Pará e Tocantins – para o avanço rumo ao um desenvolvimento amigável às florestas, na medida em que também colaboramos com o Ministério da Agricultura, agricultores, comunidades indígenas e empresas que são fazendo sua parte para manter as florestas em pé.

A lição da última década é clara. Parceria, colaboração e vontade de reconhecer nosso interesse comum em uma região amazônica saudável e próspera é o único caminho a se seguir. Nesse sentido, os sinais que emanam dos Estados Unidos e do Brasil são encorajadores. Embora reconheçamos os obstáculos não insubstanciais que temos pela frente, temos esperança de que este novo capítulo seja o prenúncio de um futuro mais positivo para a Amazônia e o clima global.